
Love2life
" Já fiz surf com 39 de febre, com gripe, asma, disfunções intestinais, já faltei a uma frequência porque o mar estava bom demais, já fiz surf com a minha virilha destruída, com dores nas pernas insuportáveis, já fiz sacrifícios, abandonei vícios, atrasei a minha vida e só consegui analisar o aspecto negativo disto tudo como tendo sido tarde demais que descobri o surf…Desde que comecei a surfar, excepto por lesão, não houve um período de duas semanas que eu não fizesse surf. Pode ter levado horas e quilómetros percorridos, ou o mais habitual, pode ter sido necessário atirar-me a um mal insultuosamente mau. Quando fico sem surfar muito tempo perco a habilidade de me concentrar como deve ser, torno-me distraído e por vezes simplesmente mal educado.Há três semanas comecei a trabalhar, hoje tornei-me naquilo que se pode chamar de “surfista trabalhador”, “Surfista de fim-de-semana” ou o mais arrojado “surfingueiro”! Eu que sempre me ria a determinada hora, (como na quinta-feira, quando já desesperado entrei no mar eram oito da noite numas ondas de vinte centímetros), do mesmo pessoal que chegava por aquela hora e em ânsia apanhava tudo, dropinava tudo e a todo o custo. Para meu benefício, nunca tornei a vida deste pessoal difícil. Porra! tinha lá estado o dia inteiro, quem era eu para exigir seja que onda fosse aquele pessoal?Hoje surfei horas e horas, surfei até os meus braços doerem, doridos de três semanas fechados no escritório. Surfei até ao folgo começar a acelerar desabituado à letrágica respiração de escritório. Saí de casa eram seis e meia da manhã em jeito de vingança - para surfar até acordo mais cedo! – Surfei até cair para nas rochas… fechar o olhos e por momentos adormecer, como não o posso fazer dentro das quatro paredes a que chamo trabalho! Apanhei tudo o que podia, tentei apanhar aquilo que não podia. Caí por estar entorpecido, caí por estar cansado, caí por estar ansioso. Lutei contra a maré como se fosse o meu único inimigo, o meu único objectivo, ir ao ponto onde estavam as ondas, vazio, o pessoal foi completamente arrastado só eu é que sobrevivi no pico, com as costas a apertarem, o pescoço a arder das lycras e do fato.Quando saí, tirei o fato, a maré já estava demasiado vazia e descansei um pouco, com a minha prancha enfiada na areia, mesmo à minha frente, em jejum de ondas há uns meses chamou-me. Peguei na lycra fui de calções, foi para outro spot, apanhei a onda e fui completamente dropinado por um longboarder! Como é evidente não saí da onda, continuei, em paz, ainda o assobiei duas vezes e nada, foi um duble surf que se tivesse sido umas horas antes quando comecei tinha sido tratada com uns quantos berros de angustia. Tinha eu ficado à espera durante praticamente um mês por ondas daquelas… mas o surf dá paz de espírito, pelo menos a mim e assim não me incomodou minimamente.O que me incomoda, no entanto, é mais a vertigem do trabalho, aquela imagem que do mar se confunde com a saída do local de surf, e a única coisa que faz com que a vertigem se vá embora é saciar a sede com uma onda grande, uma onda boa, de preferencia que caía de uma forma estranha e assustadora e assim são dois fios de pensamento, a onda boa e o wipe-out fenomenal para mim é suficiente para não pensar numa terceira… "
IN -> http://ondas.weblog.com.pt/
2 Comments:
KATSU....o filho de uma puta graga!
o que é graga???????????
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